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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Minha opinião sobre o livro " Jonas vai morrer" do escritor Edson Athayde

Jonas vai Morrer
Edson Athayde
Data da publicação:01-2014
N.º pág:150
ISBN:978-989-51-0888-6
Coleção: Viagens na Ficção
Género:Romance
Preço em formato de papel: 12,00 euros

Livro gentilmente oferecido pela Chiado Editora, em troca da minha honesta e sincera opinião.

Sinopse:

«Um quase-policial de Edson Athayde

“Todas as novelas têm um novelo. Todos os crimes têm o seu repertório de culpas. Autores de folhetins, em específico, e criminosos, em geral, trapaceiam ao revelar sempre o que interessa, um truque para esconder o que importa. A dissimulação é o vento que sopra na vela desta galera, o combustível dessa nave. Entre se quiser, acomode-se num canto. A viagem não vai ser tranquila”.
“Neste surpreendente romance quase tudo o que parece não é”.

(Prefácio de Luís Osório)

Romance escrito no âmbito de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.A história de “Jonas Vai Morrer” passa-se em Guimarães (ou Vimaranes, como era conhecida há mais de mil anos). Trata-se da mais histórica das cidades portuguesas, o chamado “berço do país”. Património Cultural da Humanidade, Guimarães foi, em 2012, Capital Europeia da Cultura. “Jonas Vai Morrer” foi escrito no âmbito de uma Residência Artística Literária desse evento. Além da trama cheia de mistérios e algum lirismo, esta obra revive nas suas páginas as ruas, praças, igrejas, bares, os tempos e os modos vimaranenses. Ambientado nos anos 80, “Jonas Vai Morrer” é um quase-policial, na definição do seu autor. Um livro que fala de crimes sem sangue à vista. Propõe um jogo onde a charada é descobrir quem é o algoz, quem é a vítima. Nesse labirinto, temos Pedro, um homem sem passado, o talvez louco 32, um caderno de memórias apócrifo e um enredo que nunca é o que parece ser.»
retirado do site da chiado editora

Minha opinião:

Este livro tem algo de muito original, o título, Jonas vai morrer, ao ler este título eu como leitora fico logo a saber o que vai acontecer à personagem Jonas. Mas é exactamente aqui que me prende o livro, sei o fim mas não sei o caminho que leva a esse fim.
Posso garantir que o facto de saber o fim agarrou-me à leitura do livro de uma forma soberba. Este livro é simplesmente fantástico e garanto-vos  que tem um final completamente surpreendente, pelo menos para mim, que andei toda a leitura a tentar descobrir quem mata Jonas.
O enredo deste livro é rico em personagens estranhas, mas que entraram com uma facilidade tremenda na minha corrente sanguínea.
São personagens excêntricas, incomuns, estranhas, abandonadas, desconhecidas, que ninguém quer saber delas. Mas é com elas que se constrói o enredo desta história.
Contudo a pergunta continua a estar no ar, como ou de quê que  Jonas morrerá? Ou como e em que momento isto vai acontecer?
Ao longo deste livro apresentado por Edson Athayde, percebeu-se em vários momentos, dos fracassados padrões e escolhas deles, personagens, que ainda assim, sentiam um tipo de amor por várias coisas, a cultura, a literatura e a vida até. "Leitores com nível alto de interpretação perceberão facilmente que o autor não manipulou a história, isto ficou claro, ele deixou que a história fosse quem o levasse a escrever."
Pedro é uma das personagens, daquelas pessoa que passam quase como anónimas, que se escondem e tentam passar por entre a multidão sem que esta dê conta da sua presença. Pedro é um homem cheios de gestos rotineiros, que ao decorrer da história mostra-se um irresistível curioso. 
O enredo deste livro, decorrer muitas das  vezes pelas nas ruelas de Guimarães, capital europeia da cultura 2012, com estilo histórico e fiscalizada pela aglomeração de pessoas diferentes, distintas, compara-se em certos pontos ao romance social do reflexivo escritor brasileiro. 
Ainda abordando as personagens, com lindas citações e comparações feitas pelo próprio autor, temos a  Alice C., quase uma Capitu, dissimulada, com olhos de ressaca, "tão bonita, tão bonita'', de seios tão belos. Esbarra-se ainda com o 32, interno da Casa da Boa Esperança, possivelmente louco, um homem infeliz e demente cujo Pedro nem sabe o nome e H.H., um excelente escritor mas prepotente que acaba por também fracassar antes mesmo do fim do livro.

Aos inícios dos capítulos e em bons trechos de todo o conteúdo, são reveladas partes do caderno de memórias do 32 que foi cedido ao Pedro que o lê de forma quase sofrida. 
O passeio que Pedro faz ao ler o caderno do paciente 32,   pela vida dos envolvidos de forma separada é, extraordinariamente  inteligente e de uma beleza extrema. 
Talvez alguns pensem que dizer logo na capa de um livro que Jonas vai morrer pode ser um triste título, uma perfeita parvoíce do escritor, mas é neste exacto momento  que o leitor se condena ao julgar precocemente o autor, que demonstrou na verdade, perspicácia, ousadia e muita inteligência. Deve-se entender que em todas as novelas têm um novelo, que nada mais é do que as suas intrigas, reviravoltas, surpresas e labirintos. Sendo assim, tudo fará sentido ao final.
Só no fim eu percebi toda a história e todos os seus labirínticos enredos e todas as suas personagens. 
Fiquei rendida à escrita de Edson Athayde ao modo inteligente e perspicaz com que ele consegue em exatamente 150 páginas agarrar-me a uma leitura de uma beleza extrema.

Recomendo vivamente esta leitura.

Classificação de 5***** no Goodreads.

''Jonas Vai Morrer'', livro de Edson Athayde publicado pela Chiado Editora merecia bem mais de 5 estrelas se fosse possível. Parabéns ao autor pelo talento, inteligência  e audácia. 


Para a Chiado Editora, ficam os meus singelos agradecimentos pelo envio da obra e os parabéns por esta maravilhosa aposta. 




Excertos do livro:


''Hoje, o 32 parece mais calmo. Caminha, passos miúdos, meio sem rumo, pelo jardim do inverno. Às vezes, ele detém-se para relacionar-se com as flores (...) Qual será a idade do 32? Parece velho, mas isso pouco quer dizer.''

''Assassino é o executor de um. Matador é o carrasco de muitos. Deus é o algoz de todos.'' 


''Passaram-se horas ou dias? Há quase um silêncio no lugar. Pedro percebe que o despertar surgirá mais vivo, agora. Antes, um caleidoscópio de imagens. O apartamento da mulher. O sorriso desdentado. O roupão a revelar detalhes da sua feia anatomia (...) E depois... Nada. Um buraco, um vazio, o vácuo da memória.''

"Todas as novelas têm um novelo. Todos os crimes têm o seu repertório de culpas."

"Duvide, por exemplo, da maneira lúgubre como comecei este relato, ao afirmar o triste fim de Jonas. Declarar a morte de alguém, antes de contar a sua vida, é fazer o cortejo fúnebre antes do batizado"

"Se a solidão não fosse uma pandemia, os livros há muito teriam sido queimados vivos."

Excelentes leituras.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Minha opinião sobre o livro "O Senhor Valéry" do escritor Gonçalo M. Tavares

O Senhor Valéry
Gonçalo M. Tavares
Ilustração: Rachel Caiano
Edição/reimpressão:2007
Páginas: 82
Editor: Editorial Caminho
ISBN: 9789722114707
Idioma: Português
Preço:11,61 euros
Livro lido através da biblioteca da escola onde lecciono.
Este livro faz parte do PNL do 6.º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.
Sinopse:
«Gonçalo M. Tavares (n. 1970) é um novo escritor que em pouco tempo se estreou com quatro livros (poesia, literatura infanto-juvenil e teatro) de grande qualidade e que já lhe valeram dois prémios. Um desses prémios (Branquinho da Fonseca "Expresso/Gulbenkian, na modalidade de Literatura para a Infância) foi, precisamente, atribuído a este " O Senhor Valery". Que não é, diga-se, propriamente um livro infantil, mas um livro de que os adultos gostarão certamente (e as crianças também e até por isso mesmo. Conta-se que Oscar Wilde, um dia em passeio por uma Feira de Livro com um sobrinho, lhe quis comprar um livro para lhe oferecer. A criança retorquiu dizendo que estava bem, desde que não fosse um livro infantil). E quem é este senhor Valery ? Um homem de estatura baixa (por isso dava muitos saltos, para, por vezes, "ser igual às pessoas altas"), solitário, com um humor fino, que adora pensar de uma forma lógica, tão lógica, que por vezes roça a estupidez. O livro tem desenhos de Rachel Caiano. 

"Lemos o livro com o prazer de estarmos a acompanhar um discurso extremamente inteligente sobre uma criatura cujo universo mental assenta na mais acabada tolice. Lemo-lo com um sorriso nos lábios que, por vezes, se abre numa gargalhada.
" (...) o texto é um estimulante exercício de inteligência. Os adultos não desdenharão lê-lo e as nossas crianças poderão aceder a alguns dos seus sentidos profundos, aqui e ali com a ajuda de um pai ou um professor. Retirarão assim o devido prazer das pequenas desventuras e raciocínios deste impagável Senhor Valéry."
José António Gomes, Expresso, Cartaz 


" Uma pequena pérola. O Senhor Valéry é um descendente do "Monsieur Teste", de Paul Valéry, de "Un Certain Plume", de Henri Michaux, e do senhor Këuner, de Brecht. Trata-se de um homenzinho curioso e distraído, irónico e tímido, desajeitado e brilhante, patético e profundo, um homem pequeno que deambula, solitário, pela cidade, com passo curto, de chapéu de coco na cabeça. É uma criatura que problematiza tudo, que de tudo faz silogismos, enigmas, paradoxos."
Pedro Mexia, DNA»
retirado do site wook

O escritor Gonçalo M. Tavares:
"Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários. Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro e deram origem, em diferentes países, a diversos trabalhos artísticos e académicos. Em 2010, o seu livro Aprender a Rezar na Era da Técnica recebeu o Prémio do Melhor Livro Estrangeiro em França. É um dos dez escritores que fazem parte do Comité do Finnegan’s List 2014, European Society of Authors. Está a ser traduzido para cerca de trinta línguas. Foi finalista do Prémio Portugal Telecom 2014, no Brasil, com Matteo Perdeu o Emprego, publicado pela Porto Editora."retirado do site wook

Minha opinião:
Quando levantei este livro na biblioteca da escola onde estou a leccionar este ano, que devo referir está muito bem apetrechada, não sabia que este livro fazia parte do PLN do 6.º ano de escolaridade. Peguei no livro e o que me chamou a atenção foi o escritor, nunca tinha lido nada de Gonçalo M. Tavares, depois desfolhei o livro e deparei-me com ilustrações bizarras, que certamente teriam um contexto, verifiquei também que era um livro de contos. Tudo isto fez com que o trouxesse para casa, em boa hora o fiz.
Este livrinho fala-nos das histórias realmente bizarras, tal como os desenhos, de  um homem que se chama Valéry. Este personagem é muito caricata e vê o mundo numa perspectiva muito própria. O Senhor Valéry explica os fenómenos que o preocupam segundo uma filosofia de vida muito própria. É uma personagem peculiar e bem estranha. Para ele tudo tem duas formas de ser visto mas que, devido à sua insegurança, se resumem sempre a uma, que é aquela que ele quer. O mundo no seu ponto de vista está todo ao contrário, só a forma de ele ver o mundo é que é correcta. 
Um livro que adorei, desde o primeiro conto até ao último, fiquei como já estava a contar, apaixonada pela escrita de Gonçalo M. Tavares e adorei as ilustrações de Rachel Caiano. Agora queria ler algo deste escritor mas mais adequado para a minha faixa etária;). Mas refiro novamente que adorei este senhor complicado e distraído que tem por nome Valéry.
Excerto:
"O Senhor Valéry era pequenino, mas dava muitos saltos.
Ele explicava:
Sou igual às pessoas altas só que por menos tempo."
O Senhor Valéry de Gonçalo M. Tavares
Recomendo vivamente a leitura deste livro.
Classificação de 4**** no Goodreads.
Excelentes leituras!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Minha opinião sobre o livro "A Fábula de Dualina" do escritor Arnaud Mattoso

A Fábula de Dualina

Escritor: Arnaud Mattoso
Editora:Chiado Editora
N.º pág. 60
Coleção: Mundo Fantástico
Género: Literatura Fantástica
Gentilmente cedido pela Chiado Editora, em troca da minha honesta opinião. Muito Obrigada Chiado Editora.

Sinopse:
«Nunca mais esqueci deste nome, nem dela.
O amor é persistente, não nos abandona facilmente.
Nunca tive coragem de contar a verdadeira história do que houve no dia em que me afoguei e morri. Achava que ninguém acreditaria numa fábula como essa.
Preferi o silêncio.
Guardei a história e o segredo das sereias surfistas como um sonho bom. Mas passado tanto tempo, anos que nada significaram, ainda sinto vontade de revê-la e a necessidade de contar ao mundo o que aconteceu naquela tarde mágica.
Porque Dualina foi para mim a coisa, pessoa, sereia, peixe-mulher ou mulher-peixe mais importante que aconteceu em minha vida, mesmo que ela de verdade, talvez, nunca tenha existido.»retirado do site Chiado Editora
Minha opinião:
Esta Fábula foi enviada pela Chiado Editores para eu ler e dar a minha sincera e honesta opinião.
Adorei a história, já não lia uma fábula desde criança e devo confessar que me apaixonei por esta.
Nesta fábula temos as sereias a falar, Dualina é a rainha das sereias e tenta encontrar um humano para um determinado fim. Mas o humano tem de concordar com algo que inicialmente parece fácil mas que com o tempo se concluí que é algo muito difícil para qualquer humano.
Uma pequena fábula que transmite uma enorme lição para os seres humanos, nomeadamente no âmbito da conservação do ambiente.
Adorei e recomendo a sua leitura.
Classificação de 4**** no Goodreads.
Mais uma excelente leitura desta brilhante editora que é a Chiado Editora. Leia livros da Chiado Editora a Editora que tem uma diversidade de obras enorme, que aposta nos jovens escritores portugueses e como já referi tem leituras para todos os gostos.
Excelentes leituras!