Pessoas Normais é uma história de fascínio, amizade e amor mútuos, que acompanha a vida de um casal que tenta separar-se mas que acaba por entender que não o consegue fazer. Mostra-nos como é complicado mudar o que somos. E, com uma sensibilidade espantosa, revela-nos o modo como aprendemos sobre sexo e poder, desejo de magoar e ser magoado, de amar e ser amado." retirado do Goodreads
A escritora formou um enredo de tal forma que os mal entendidos, o que não se verbaliza e os "barulhos" entre os dois fiquem cada vez mais claros para mim como leitora. Ou seja, à medida que lia conseguia visualizar tudo isso. Os personagens tentam conversar mas acabam por não conseguir expressar os seus sentimentos, aceitar o amor que sentem um pelo outro. Isto, não tira o facto de eles serem muito chegados tanto emocionalmente como fisicamente...sempre que um precisa o outro está lá. Ao longo do livro temos a transição da adolescência para a vida adulta, muitas situações de bullying, o assédio sexual, a falta de amor próprio que muitas vezes leva para lugares obscuros, decisões não pensadas e riscos totalmente desnecessários. Marianne e Connell também não conseguem evitar esse caminho, acabando por estar constantemente a magoarem-se mutuamente e a eles próprios. Aceitando também que os outros os magoem, isto tudo, pela falta de amor próprio e falta de respeito pelo seu próprio corpo, mas também pela necessidade de serem aceites pelos outros e pelos próprios.
Sally Rooney encontra no primeiro amor, com seus desencontros, desencantos e dificuldades, o caminho para escrever um livro muito bom, que me fez querer dar uns berros às personagens, pela forma como elas se magoam a elas mesmas e um ao outro. Numa leitura que atrai e repele ao mesmo tempo, Rooney consegue mostrar que nem todos os romances são cliches.
Esta leitura foi para mim um autêntico murro no estômago. Desengane-se quem pensa que vai ler um livro cor de rosa. Temos abordagem a temas delicados como a saúde mental e o suicídio.
"Havia o quarto com casa de banho anexa atrás dele, e a cama, à sua frente, ambos bem visíveis, mas por qualquer motivo, foi-lhe impossível deslocar-se para a frente ou para trás, só para baixo, para o chão, até o seu corpo ficar imóvel sobre a carpete. Bem, aqui estou eu no chão, pensou. Será a vida pior aqui do que seria na cama, ou mesmo num sítio diferente? Não, é exatamente igual. A vida é o temos dentro da nossa cabeça." pág. 178
Classificação de 5 estrelas no Goodreads.
Boas leituras!
Sem comentários:
Enviar um comentário