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quarta-feira, 14 de julho de 2021

138 # Opinião | "O lugar das coisas perdidas" de Susana Piedade

 
(pág.254)
Sinopse:
"Quando uma criança não volta para casa, até os mais próximos se tornam suspeitos.
Numa pacata vila de província, uma criança desaparece misteriosamente a caminho da escola, deixando a mãe em estado de choque e os vizinhos incrédulos e alvoroçados. No início, todos se oferecem para ajudar Mariana a encontrar a filha, mas, como sempre acontece nos meios pequenos, as intrigas, os medos e as desconfianças acabam por desenterrar histórias do passado e segredos que se julgavam a salvo, desencantando um culpado em cada esquina. O caso torna-se ainda mais enigmático quando, na manhã em que Alice sumiu, quase todos os que lhe eram próximos tiveram, curiosamente, atitudes estranhas, pelo que, entre tantos rostos conhecidos, talvez ninguém esteja, afinal, completamente inocente. E o pior é que única pessoa que assistiu a tudo é também a única que não o poderá contar.
Num romance trepidante que mantém o suspense até à última página, Susana Piedade – finalista do Prémio LeYa com o romance As Histórias Que não Se Contam – regressa ao tema da perda e da culpa, oferecendo-nos uma história profunda e surpreendente, na qual quase nada é o que parece." retirado do Goodreads

Opinião:
«O lugar das coisas perdidas» é o segundo livro da autora Susana Piedade, finalista do Prémio Leya com o romance «As histórias que não se contam».
A forma como a Susana Piedade narra a história deste livro e o tema escolhido são, a meu ver, extraordinários. Este livro é de uma tamanha complexidade em todas as suas vertentes e personagens. 
Mariana é mãe solteira, de uma menina, a Alice. Um dia Alice quando se desloca  para a escola desaparece, e a sociedade local entra num "colapso" total. Ao contrário do que se possa pensar este desaparecimento não é a temática principal, mas antes de mais uma forma que a escritora encontrou ( muito bem, a meu ver)de desenrolar uma narrativa mais complexa. Ao longo desta narrativa vamos conhecendo as mentiras das vidas de cada uma das personagens deste livro. Esta é uma história de mulheres comuns, com as quais  nos podemos cruzar diariamente, ou até ao longo da leitura fazem-nos  recordar alguém que faz parte das nossas vidas. 
Susana Piedade mostra neste seu segundo livro que não existem pessoas boas e pessoas más, acima de tudo existem pessoas que têm  aspetos bons e maus. 
Temos aqui a Josefa que é esposa de António, são um casal que nos faz refletir sobre o amor entre marido e mulher e em especial o que o casal deixa transparecer para a sociedade, que não corresponde àquilo que se passa entre quatro paredes. A Isaura, uma mulher forte, eu até me atreveria a dizer que ela é uma força da natureza, está à frente da café da terra que é frequentado especialmente por homens, o que faz que ela seja, aparentemente, dura...contudo uma pessoa que tem também as suas fragilidades. Um professor que tem uma vida "destruída"...passando de ser respeitado por todo o povoado a ser quase que desprezado.  Cremilde e Glória, duas mulheres fragilizadas pela vida, que estão na terceira idade. Cremilde foi vítima de um relacionamento abusivo, com um grande empresário da industria têxtil  do Vale do Ave. Mas ao contrário de muitos casos de violência doméstica Cremilde conseguiu colocar um fim a este relacionamento, mas encontrou na sua amiga, Glória, o seu suporte para  partilha da sua dor. 
Um livro brilhante, escrito de uma forma extraordinariamente cativante...que é tão mas tão real, que me fez estremecer em muitas partes da narrativa. Personagens criadas com uma enorme carga humana.
Aconselho vivamente a leitura deste livro.
Classificação de 5 estrelas no Goodreads.
Boas leituras 😊😊😊😊😊

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