Edição/reimpressão: 1994
Páginas: 62
Editor: Relógio D` Água
ISBN: 9789727082438
Coleção: Universos Mágicos
Sinopse:
"Sabes bem que os portugueses, há muitos anos, correram todos os oceanos da Terra. Viram, por isso, terras e animais e plantas que ninguém sabia que existiam. Mas com isto também causaram, umas vezes de propósito, outras sem querer, algumas desgraças. Neste livro ficamos a saber o que aconteceu aos pobres «pássaros doidos» que, por não terem asas capazes de voar, não sabiam como fugir de quem os queria matar. Os ingleses, que não sabiam dizer «doido», chamaram-lhes «dódó». Esta história verdadeira ensina-nos tudo quanto perdemos com o fim dos dódós, e também a razão por que devemos aprender a não destruir a vida selvagem." (retirado daqui)
Resumo:
"A ideia que orienta a escrita e condiciona a leitura de A Ilha dos Pássaros Doidos (1994), de Clara Pinto Correia, tem um fundo claramente pedagógico, ligado à promoção do ambiente e à sua conservação. O texto está orientado para a construção de um conjunto de imagens que vão sendo insistentemente reforçadas com vista à veiculação das mensagens acima referidas. As mais recorrentes dizem respeito à Ciência, à Natureza e ao Homem (incluindo aqui a Criança, implicitamente presente sob a forma de narratário e destinatário do texto).
Com a aparência de um conto de fadas, recria-se um acontecimento real preciso, ocorrido num momento específico, cujas consequências ainda hoje estão a ser sentidas. Falando concretamente da acção negativa dos homens na extinção de uma espécie animal, tenta alertar-se para outras extinções de espécies animais, educando para a preservação do ambiente. É evidente, por isso, o cariz pedagógico desta narrativa, que abrange sobretudo os domínios da Ciência (Biologia), mas que, neste caso, se entende também à História e à Geografia. Estas, sobretudo a primeira, são imagens que se repetem insistentemente ao longo do conto, de forma a aproximar conceitos à partida distantes do universo infantil.
No conto, a imagem do Homem, criada a partir dos comportamentos que vão sendo descritos, é profundamente negativa. Os homens surgem como verdadeiros predadores, com características maléficas e diabólicas, encarnando o mal nas suas várias dimensões. Da Natureza, pelo contrário, é apresentada uma imagem paradisíaca, de harmonia edénica e é configurada como vítima passiva da maldade humana. Esta apresentação, bem diferenciada e marcada, visivelmente maniqueista, condiciona a leitura e, sobretudo, a interpretação infantil, na definição de dois universos claramente distintos – o dos bons e o dos maus – sendo o primeiro o da Natureza e o segundo o dos Homens. Veja-se também a oposição de práticas da espécie animal e da humana, conotando positivamente a primeira (inocência, passividade, tranquilidade) e negativamente a segunda (medo, desconfiança, morte). Excluídas quaisquer justificações, o leitor só pode concluir numa direcção - a condenação dos homens e a necessidade de evitar a repetição de acontecimentos semelhantes.
A conclusão não se faz esperar e, tal como já fora repetidamente anunciado, prende-se com o desaparecimento definitivo da ave e inclusivamente da sua imagem. É o seu aniquilamento total e decisivo. A partir daqui, a história que o narrador se tinha proposto contar termina. Mas não acaba a argumentação e o discurso pedagógico com vista à promoção de atitudes ecológicas por parte dos leitores. Recorrendo insistentemente à exemplificação e à desconstrução dos argumentos daqueles que têm práticas lesivas em relação ao ambiente, o narrador tentará apresentar indicações precisas sobre atitudes concretas a adoptar.
Em conclusão, podemos dizer que estamos em presença de um texto onde um dos objectivos da literatura infantil sai decisivamente desvalorizado em relação ao outro. Assim, mais do que simplesmente divertir (se é que podemos falar de divertimento como uma característica desta narrativa), procura-se explicitamente educar, e fazê-lo numa direcção concreta, a educação ambiental. Ainda que perfeitamente integrado, tanto do ponto de vista da construção como do estilo, no domínio específico da narrativa literária, questionamo-nos, neste caso concreto, se estamos em presença de um texto didáctico ou literário (possivelmente de ambos ou dos dois num só), na medida em que a narrativa apresenta, além da sua história, as suas possibilidades de leitura e de interpretação. Torna-se evidente, também, após a leitura que efectuámos, a possibilidade real e concreta que a literatura infantil proporciona ao nível da manipulação das ideias e dos comportamentos dos seus destinatários preferenciais, muito longe da simplicidade ideológica e até do carácter completamente inócuo que muitos lhe atribuem."(retirado daqui)
Minha Opinião:
Uma forma muito engraçada de explicara extinção de espécies, gostei da forma como é contada toda a história. Este é um livro infanto-juvenil que atraí logo pela capa, aconselho a sua aquisição e a leitura em família.
Boa leitura!
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