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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

27 # Opinião | "A noite em que o verão acabou" de João Tordo

Sinopse:
14 de Setembro de 1998. O dia em que Chatlam, uma pequena vila americana, acordou em choque com o homicídio de Noah Walsh. O principal suspeito: a sua filha de dezasseis anos. No Verão de 1987, o adolescente Pedro Taborda apaixona-se por Laura Walsh, a filha mais velha de um magnata nova-iorquino. Ela e Levi – uma criança misteriosa – passam férias com os pais no Lagoeiro, uma pacata cidade algarvia. Rica e moderna, a família Walsh tem tudo para dar muito nas vistas no sul de Portugal. Inebriado pelas formas perfeitas e pelos modos ousados de Laura, Pedro encontra na rapariga americana o seu primeiro amor. Mas quando o Verão acaba, a família Walsh regressa aos Estados Unidos e o destino fica por cumprir.

Dez anos depois, Pedro, decidido a tornar-se escritor, vai estudar para Nova-Iorque. Fascinado com Gary List, antigo prodígio das letras americanas, chega aos Estados Unidos determinado a perseguir os sonhos da juventude. Ao reencontrar Laura, está longe de suspeitar que esse acaso o mergulhará no crime mais falado dos anos noventa, o homicídio do milionário Noah Walsh.

Com um segundo homicídio a atrapalhar a investigação e uma corrida para salvar Levi, de apenas dezasseis anos, acusada de matar o pai, Pedro e Laura enredam-se irremediavelmente na teia de segredos que envolve a família Walsh, desde os anos quarenta do século XX até ao impensável desfecho nas primeiras décadas do novo milénio.

Porque em Chatlam – e neste thriller imparável – nada é o que parece.

O QUE ESCONDE LEVI WALSH?

Opinião:

Este livro tem aquilo que eu mais aprecio quando estou a ler, é contado em vários tempos. Cada vez mais gosto deste tipo de leitura que me faz andar para trás e para a frente em termos temporais. Na Primeira parte do livro temos o ano 1998, com a morte Walsh, depois vamos a trás para o verão de 1987 quando Pedro Taborda conhece as filhas de Walsh, a Laura e a Levi. Vamos a 1997 quando Pedro Taborda decide ir para os Estados Unidos da América estudar escrita criativa. 
A segunda parte do livro desenrola-se entre 2008 e 2017. 
Após a leitura da sinopse, em que ficámos logo a saber que a Levi é encontrada com a arma do crime - faca de cozinha - na mão em frente do cadáver esfaqueado do seu pai, não à muito a dizer (sem fazer spoiler) do enredo. O único aspeto que posso reforçar é que Pedro Taborda e Laura Walsh defendem que a Levi Walsh é inocente.
Gostei muito da construção de toda a história, não considero que se pudesse retirar algo para o livro ter menos páginas. O que mais me fascinou foi a capacidade de João Tordo, dentro de um enredo principal construir vários enredos, um outro aspecto é a referência a outras obras literárias e escritores, assim como a forma como alguns faleceram e todas as complicações do foro psicológico, das dependências, consumos abusivos. A construção das personagens está extraordinariamente bem conseguida. 
Ao longo da leitura senti estava sempre sentada ao lado dos personagens, eu adoro os livros que me conseguem levar para dentro do livro.
Claro que quando temos personagens tão bem estruturadas, existem sempre aquelas que eu me apaixono e as que me irritam. Amei a personagem do Pedro Taborda e João Tordo fez, a meu ver, um trabalho brilhante na construção do Gary List, o tutor de Pedro Taborda na universidade. Não senti empatia com a Laura, mas acho eu que essa talvez fosse uma das finalidades do escritor...mas isso é somente o um a parte. A personagem que eu detestei do sexo feminino foi a mãe das Laura e da Levi, completamente louca e interesseira, mas acima de tudo negligente em relação às suas filhas. Gostei da forma como João Tordo fez a construção da personagem Levi, achei tão delicada a forma como ele vai mostrando o crescimento emocional desta personagem que foi impossível não gostar dela.
Este é o meu livro de estreia de João Tordo, tenho aqui em casa alguns para ler e confesso que estava com um certo receio de começar por este livro. Estou muito feliz por ter descoberto este escritor português...vou continuar a ler João Tordo (tenho alguns aqui na estante à algum tempo).
Aconselho a todos que leiam este livro fabuloso e não se assustem nem com o número de páginas nem com o tamanho da letra.
Deliciem-se com este livro, com esta escrita em que de certa forma João Tordo também "brinca" um pouco com o leitor.

Classificação de 5 estrelas no Goodreads.
Excelentes leituras!
Fique em casa!

4 comentários:

  1. Olá Carla,
    gosto da escrita do JT e gostei deste livro. Creio que com menos 200 páginas teria adorado.
    Neste momento estou a ler a Anatomia dos Mártires :)
    Boas leituras

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    1. Olá Dulce,
      Eu confesso que até meio do livro fui lendo... mas depois é um livro que me apaixonou. Contudo, este é o único livro que li do JT. Já agora podes recomendar algum dele;)
      Beijocas e boas leituras.

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  2. Eu achei piada ao 3 vidas, é assim meio louco :) não gostei muito do manual de sobrevivencia de um escritor :).
    Tenho para ler o livro dos homens sem luz e o luto de elias Gro.
    Boas leituras

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    1. Obrigada pela sugestão, eu acho que tenho o 3 vidas tenho de ver.
      Boas leituras!

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