Muana Puó
de Pepetela
Edição/reimpressão: 1995
Páginas: 168
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722037259
Coleção: Autores de Língua Portuguesa
"Era uma máscara tehokuê.
Máscaras de Muana Puó, a rapariga.
Com ela se dança e esconde as lágrimas, na festa da circuncisão."
Sinopse:
"(...)Muana Puó uma estória de amor com fundo de luta. Era ainda em abstrato, eu nunca tinha visto guerra na minha vida, por isso arranjei a simbologia com as máscaras. (...) Vi a fotografia de um cartaz para um espectáculo da Miriam Makeba, como a Muana Puó...e fiquei fascinado. Foi amor à primeira vista. Fechei-me uma semana no quarto, todo branco, com o cartaz à frente e comecei a escrever sem saber o que ia escrever. (...)A estória é perfeitamente intemporal e muito simbólica. O livro foi escrito com a máscara à frente e é para ser lido assim, com a máscara à frente. A acção segue as linhas da máscara:o mundo oval, o rosto, o lago, a boca..."
Pepetela
Sobre o livro:
Após uma leitura em tudo atenta e rápida surgiram as dúvidas, então desta vez não vou descrever a minha opinião mas a pesquisa que eu fiz após a leitura de um livro mesmo ao género de Pepetela.
"Num país imaginário, o mundo é divido em duas categorias: os corvos, mais poderosos na sociedade, e os morcegos que devem produzir mel para alimentá-los. Como sinal da sua submissão, os morcegos têm que se alimentar dos excrementos dos corvos. Em determinada altura, os morcegos, fartos da sua condição, vão-se rebelar e travar uma guerra feroz tentando abolir este sistema e recuperar a montanha, lugar santo protegido pelos corvos. Depois dessa vitória, uma nova sociedade desta vez formada por homens, é criada. Nesta sociedade todos são iguais e vivem em harmonia. Enquanto isso, começa uma história de amor entre dois morcegos que será complicada, com muitos altos e baixos e incompreensões que levarão ao seu fracasso; por exemplo: eles vão esperar bastante tempo antes de se atreverem a falar um para o outro, procurarão o seu lugar na sociedade totalmente mudada na qual vivem, questionando-se muito sobre o mundo. Essa história de amor seria a metáfora da sociedade angolana que não conseguiu unificar-se."
"Seguindo essa simbologia da máscara., onde os dois olhos são distintos e separados pelo nariz, podemos encontrar várias interpretações às diferentes situações e referências do livro. Por exemplo, embora seja secundária e um instrumento para fluidificar a narrativa e torná-la menos dura, pode-se relacionar a história de amor entre os dois morcegos à máscara: os dois amantes seriam os dois olhos, separados pelo nariz , ou seja pelas dificuldades como as diferenças entre eles, os seus defeitos respetivos por exemplo. Assim a batalha para que essa história de amor seja bem-sucedida e que os dois “olhos” se unam seria a luta para superar os problemas que o “nariz” representa.
Podemos também aplicar essa simbologia da máscara à ficção do romance: os dois olhos da máscara representariam as duas tribos do livro, corvos e morcegos, e seriam separados pelo nariz, que representaria a montanha que os corvos guardam cruelmente.
Enfim, essa simbologia da máscara pode também aplicar-se à sociedade angolana, ao seu passado colonial (a guerra colonial tendo durado de 1961 até 1974) e à atualidade da altura durante a Guerra civil (que se seguirá a guerra colonial e só acabou em 2002). A metáfora dos olhos separados pelo nariz pode também simbolizar:
- as diferentes etnias de Angola , sendo que a diversidade demográfica em Angola é forte pois 10 etnias vivem no território. Elas seriam separadas pela diferença cultural, os preconceitos ou as línguas (em Angola existem 6 idiomas reconhecidos além do português e dos numerosos dialetos).
- a oposição entre os colonizadores portugueses e os colonizados angolanos (se consideramos os séculos de dominação colonial portuguesa em Angola) , separados pelo “equilíbrio de poder” entre opressores e oprimidos.
- a luta entre os diferentes partidos políticos após a independência em 1975, nomeadamente o MPLA e a UNITA, isso no contexto da guerra civil que durou até 2002.
Notamos também que a simbologia da máscara e o fato de haver poucos elementos distintivos que poderiam identificar Angola, a obra de Pepetela torna-se atemporal e universal."
Minha Opinião:
Agora sim posso dizer que adorei o livro aconselho vivamente a sua leitura e de seguida pesquisem sobre tudo o que vos ficar na mente em estado de efervescente. O que eu mais gostei deste livro foi que apesar de ser lido de uma forma rápida deixou-me a pensar e colocou-me uma tarde inteira a pesquisar.
Aqui existe cultura, este livro não pode ser perdido para quem gosta de Pepetela e de Angola.
Boas leituras!
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