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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Minha opinião sobre o livro «Amor Cruel» da escritora Colleen Hoover

"Amor Cruel"
de Colleen Hoover
Edição/reimpressão:2015
Páginas: 288
Editor: TopSeller
ISBN: 9789898800572
Preço:15,29 euros

Comecei a ler:26-06-2015
Terminei de ler:28-06-2015

O SEU CORAÇÃO NUNCA ESQUECERÁ ESTA HISTÓRIA MARAVILHOSA.

Sinopse:
«Tate é enfermeira e muda-se para São Francisco, para casa do irmão Corbin, para estudar e trabalhar. Miles é piloto-aviador e mora no mesmo prédio de Corbin. Depois de se conhecerem de forma atribulada, Tate e Miles acabam por se aproximar e dar início a uma relação exclusivamente física. Para que esta relação exista, Miles impõe a Tate duas regras:

«Não faças perguntas sobre o meu passado. Não esperes um futuro.»

Tate aceita o desafio de manter uma relação distante, sem nenhum compromisso, nem sequer o da amizade. A relação alimenta-se assim da atração mútua entre os dois.

Miles nunca fala de si nem do seu passado, e comporta-se perante Tate de acordo com as regras que ele definiu. Será Miles capaz de desvendar o que se esconde por detrás desta necessidade tão grande de se distanciar emocionalmente dos outros?

E poderá algo tão cruel transformar-se numa relação bonita e duradoura?» retirado do site wook

Críticas de imprensa
«Colleen Hoover constrói um mundo surpreendente de dois jovens que descobrem o amor maduro.»
Booklist

«Só Colleen Hoover tem a capacidade de incluir tanto esplendor num romance.»
Jamie McGuire, autora bestseller

«Hoover tem o dom de criar histórias que sensibilizam e nos atingem o coração. Amor Cruel não é exceção.»
Readers Live a 1000 Lives

«Apaixonante, desde o primeiro capítulo.»
Owl Always Be Reading

Book Trailler 

Ugly Love Official Teaser (2015)

Minha opinião:
Este livro revelou-se uma grande surpresa para mim, já li os outros dois livros traduzidos cá em portugal desta escritora e muito honestamente este não tem nada a ver. Claro que o estilo está lá, o mexer com as emoções, que acho caracterizar a escrita de Colleen Hoover, a dificuldade que as pessoas têm em demonstrar os seus sentimentos, isso é algo que também acaba por ser comum com os livros anteriores, mas de uma forma completamente distinta. 
Gostei muito mesmo muito deste livro, mesmo das partes mais quentes sob o ponto de vista sexual, apesar de achar um pouco repetitivas, mas a ideia está lá, bem marcada,são cenas extraordinariamente bem descritas vão até à exaustão parece que os estava a ver por detrás da porta, que pensamento maléfico...mas era essa a sensação que tinha quando lia as cenas mais escaldantes, que são muitas, aviso já;)

"Amor Cruel" é narrado pelas duas personagens principais Tate e Miles mas em tempos distintos, ou seja, enquanto Tate  nos narra o presente como ele é segundo o seu ponto de vista; Miles conta-nos o seu passado que remonta à seis anos atrás.

Tate Collins tem 23 anos é enfermeira e muda-se para São Francisco para completar os seus estudos com um mestrado na área de anestesista, estuda durante a semana e trabalha ao fim de semana. Como não tem onde viver e o seu irmão mais velho, Corbin, piloto de aviões, vive em São Francisco, Tate vai viver com ele. Apesar de saber que não vai ser fácil, pois o seu irmão é demasiado protector e paternalista em relação a ela, o que ela detesta mas por outro lado também gosta.
Ao chegar ao prédio do irmão, mais propriamente ao apartamento, deparasse com um sujeito completamente bêbado encostado à porta da casa do irmão. Depois de falar com Corbin, ela deixa este individuo bêbado entrar naquela que agora é também a sua casa e ficar a dormir no chão. É desta forma que Tate conhece Miles Archer, um dos melhores amigos do seu irmão, piloto na mesma companhia aérea e seu vizinho da porta da frente.
Com o tempo e tal como vem na sinopse Tate e Miles descobrem que se sentem fortemente atraídos um pelo outro e resolver ceder ao desejo, entrando numa relação sem compromisso nenhum. Miles estabelece duas regras, as quais Tate tem de respeitar se quiser ter esta relação puramente baseada no sexo, as regras são as seguintes:
1-Nunca perguntar nada sobre o seu passado;
2-Nunca esperar um futuro.
Tate, mesmo tendo plena consciência que tudo isto ia acabar mal, principalmente para ela, que já se sente mais que atraída por Miles, decide aceitar as regras desta estranha relação, dado que ela já não aguenta ficar longe dele.
Já por aqui não nos parece muito um romance comum e juntando a isto o facto de Miles não ter ninguém à 6 anos torna a história ainda mais misteriosa.
E o tempo vai passando e eles vão ficando juntos, cada vez mais apegados um ao outro, mas sempre fingindo que conseguem lidar com esta relação puramente carnal sem se apaixonarem, pelo medo de Miles, por algo obscuro que lhe aconteceu no passado que o impede de viver um novo amor.

Esta é uma história que mexeu muito com os sentimentos, como vem sendo hábito nos livros desta escritora. Uma história de amor, que nos mostra não só as partes bonita mas acima de tudo as partes cruéis,que nos podem marcar para toda a vida. Não tem a pretensão de apresentar personagens excepcionais ou cheios de moralidade e acaba por ser esse facto que torna o livro tão bonito e a meu ver uma surpresa maravilhosa.  
Não posso deixar passar uma das personagens secundárias que mais gostei, o porteiro uma personagem extraordinária, divertido e sábio, daquela sabedoria que só os seus 80 anos podem dar, ele trabalha no prédio onde eles moram e torna-se confidente de Tate.

É importante salientar que esta não é uma história de sexo e amizade, é muito mais profundo do que isso. É um história sobre o poder do amor, que tanto constrói como destrói, sobre a generosidade, a perseverança, a coragem e a superação, uma história que mexe com os nossos valores e emoções, que mostra que a vida não é só boa ou só má. 
Uma das lições que a meu ver este livro tenta transmitir, ou pelo menos a mim me passou, foi que numa relação normalmente só entramos se soubermos que o que vamos dar vamos receber na mesma medida, mas isto está errado. Pois é possível existir relações onde damos mais do que recebemos ou vice-versa e ainda assim conseguir encontrar a felicidade.

Este livro mexeu de tal forma com os meus sentimentos que quando dei conta tinha dado cabo de um pacote de lenços de papel de tantas lágrimas que corriam pelo meu rosto. É impossível não ficar comovida com esta leitura, eu tentei resistir mas chegou uma altura que foi mais forte do que eu. A luta de emoções e de sentimentos que os personagens têm de travar é tremenda e a escritora consegue colocar tudo no papel de um modo tão real, que por momentos estava ao lado de Tate e de Miles a tentar consular as suas dores. Mas também me fez sorrir e rir não é só sofrimento, o irmão da Tate é o máximo.

Mais uma vez a escritora não me desiludiu, não vou dizer que foi melhor ou pior que os anteriores pois gostei muito dos anteriores e também gostei muito deste, são livros diferentes, histórias diferentes e personagens completamente distintos. Mas o estilo da escrita está lá bem vincado, esta escritora gosta e consegue mexer com as minhas emoções. 

Recomendo vivamente a sua leitura.

Excertos:
«Beija-me o topo da cabeça, e fecho os olhos. Oiço o seu coração bater dentro do peito. Um coração que, segundo ele, não é capaz de voltar a amar mas que, na verdade, é um coração que ama demasiado. Já amou tanto, e aquela noite levou-nos tudo. Mudou os nossos mundos. Mudou o seu coração.

-Eu passava o tempo todo a chorar-conto-lhe.
-O tempo todo. No banho. No carro. Na cama. Sempre que estava sozinha , chorava. Durante os primeiros dois anos, a minha vida foi de uma tristeza constante, onde mais nada entrava. Nem sequer momentos melhores.

Sinto o seu abraço a apertar-se, dizendo-me em silêncio que sabe. Sabe exatamente do que estou a falar.» retirado da contracapa

«Às vezes, é fácil esquecer o quanto sentimos a falta de certas pessoas até voltarmos a vê-las. Não é esse o caso com o Corbin. Sinto sempre a sua falta. Ainda que o seu sentido de proteção possa ser por vezes um pouco irritante, também é uma demonstração do quão próximos somos.» pág.30

«A chuva transformou-se num dilúvio, mas nenhum dos dois parece incomodado com isso. As mãos dele deslizam até ao fundo das minhas costas e agarro-o pela camisa, puxando-o para mim. A boca dele encaixa na minha como se fossemos duas peças do mesmo puzzle.
A única coisa que me poderia separar do Miles neste momento seria um raio.» pág. 135

«-O amor nem sempre é bonito, Tate. Às vezes, passamos o tempo todo à espera de que se transforme numa coisa diferente. Numa coisa melhor. Até que, quando nos damos conta, voltámos ao ponto de partida, e perdemos o coração, algures no meio do caminho.» pág.144

«Eu também estou preocupada comigo, Miles. Mas quero muito mais aproveitar o momento contigo do que me preocupar com a maneira como isto me vai afetar quando acabar.
...
-Acho que tenho finalmente a minha regra- digo-lhe,
Olha para mim e arquei uma sobrancelha, à espera que eu continue.
-Não me dês falsas esperanças em relação ao futuro - digo-lhe.   -Especialmente se tiveres a certeza dentro de ti de que nunca teremos futuro.» pág.188
Boas leituras!

sábado, 20 de junho de 2015

Minha opinião sobre o livro "A Cada Dia" de David Levithan

A Cada Dia
de David Levithan
Edição/reimpressão: 2015
Páginas: 288
Editor: TopSeller
ISBN: 9789898800107
Preço:14,93 euros

Comecei a ler:19-06-2015
Terminei de ler:20-06-2015

Sinopse:
«A cada dia, A acorda no corpo de uma pessoa diferente. Nunca sabe quem será nem onde estará. A já se conformou com a sua sorte e criou regras para a sua vida:
Nunca se apegar muito. Evitar ser notado. Não interferir.
Tudo corre bem até que A acorda no corpo de Justin e conhece Rhiannon, a namorada de Justin. A partir desse momento, as regras de vida de A não mais se aplicam. Porque, finalmente, A encontrou alguém com quem quer estar a cada dia, todos os dias.» retirado do site wook

Críticas de imprensa...
«Este é um livro brilhante que vais adorar.» 
John Green

«Num livro original, engraçado, e dolorosamente honesto, David Levithan explora brilhantemente o dilema adolescente de não se sentir bem na sua pele e não saber onde pertence. Eu não li A Cada Dia, eu devorei-o.»
Jodi Picoult

«São raros os livros que desafiam presunções de género de uma forma tão divertida quanto inesperada e, talvez o mais importante, com que os adolescentes se podem identificar num momento em que muitos tentam entender a sua orientação sexual e a natureza do amor verdadeiro. A Cada Dia é precisamente esse livro… Uma história que é sempre sedutora, muitas vezes bem-humorada e muito parecida com o próprio amor esplendoroso.»
Los Angeles Times

«Intrigante e fascinante, aborda as preocupações mais humanas e reais: a importância da empatia, o valor de amigos e familiares, e a beleza da constância que temos o luxo de tomar como garantido.»
MTV HOLLYWOOD CRUSH

«Levithan é um génio literário. A sua escrita é brilhante, praticamente impecável. A luta de A para agarrar o amor num mundo em constante mutação é uma experiência que eu espero que todos possam partilhar.»
ROMANTIC TIMES
Book trailer...
Minha opinião:

Quando terminei de ler "A Cada Dia" fiquei assim a modos que sem saber como escrever ou dar a minha opinião. Esta foi uma leitura compulsiva, e quando digo isto é no sentido em que no início do dia de hoje ia na página 48 mais página menos página e são neste momento 22h22min. e terminei a leitura, sem conseguir parar; daí eu atribuir o adjectivo de leitura compulsiva. Mas graças a deus que assim foi pois eu adorei.

A temática prendeu-me logo desde o início, onde é que este escritor foi buscar a ideia de um personagem, supostamente A, acordar a cada dia no corpo de um ser humano diferente? Tenho que admitir que é uma ideia original, mas que me levou a pensar que tantas personagens seria complicado criar todas com um bom enredo. Enganei-me. Foi uma viagem que eu fiz com muito prazer através do quotidiana de A, que entra em corpos diferentes e vive neles somente por um dia, expondo as suas tristezas, loucuras, fragilidades, perturbações e pensamentos. 

A acorda sempre no corpo de alguém da mesma idade, este é o único ponto em comum que existem entre as diferentes personagens. Nem mesmo A entende o porquê de tal facto lhe acontecer e já se cansou de tentar encontrar respostas que expliquem tal facto, conformou-se com a vida que tem, nada convencional, mas é a vida dele. Contudo, existem duas regras que A criou para ele próprio, sendo estas as seguintes: nunca criar laços com ninguém nem com as pessoas que ele encarna, isto porque, vai evitar que ele sofra, pois no dia seguinte, será outra pessoa, estará num novo corpo; a segunda regra é evitar estragos, isto é viver o dia da pessoa em causa da forma mais próxima que a própria pessoa viveria, dado que no dia seguinte a pessoa seguirá a sua vida normalmente, sem se recordar de muita coisa do dia anterior.

O livro começa com A a acordar no corpo de Justin, um rapaz mal humorado que parece não estar de bem com a vida, não se importa com nada nem com ninguém, que tem uma namorada a Rhiannon, por quem A se encanta de imediato. 
Rhiannon é uma rapariga insegura, que apesar de ser tratada como um objecto pelo namorado continua a nutrir sentimentos por ele. Mas A encontra algo diferente em Rhiannon e tem necessidade de lhe proporcionar um dia de sonho, um dos melhores dias da sua vida. Estamos mesmo a ver que vai quebrar a regra de não alterar a vida da pessoa que ele incorpora e não criar laços.

Nos dias que se seguem A passa a encontrar-se com Rhiannon, em outros corpos, sendo surpreendido por não a conseguir esquecer. O amor que A sente por ela quebra todas as regras que ele estabeleceu e A luta para quebrar todos os obstáculos e problemas que vão surgindo.

Mas será Rhiannon capaz de o aceitar tal como ele é e amá-lo?
Será correcta a interferência que A está a fazer na vida das pessoas em quem vai encarnando?
Este é o ponto crucial do livro, que tem um enredo maravilhoso.

O livro mostra, como vou referir mais à frente, o quão imperfeitos somos e que por mais perdidos que possamos estar, sempre existe uma salvação. 
Este livro também tenta fazer-nos ver de uma nova forma a definição de género e sexo, ao questionar se o amor pode ultrapassar as aparências do corpo, seja ele masculino ou feminino.

Ao longo da leitura deste maravilhoso livro deparei-me com um leque imenso de personagens começando por A, Rhiannon, Justin e muitas outras que não quero referir os nomes. Houve uma que mexeu muito comigo, existiram mais mas esta sei que irei recordar sempre que olhar para o livro. Uma adolescente com 16 anos, em que A incorpora, que tem a sua vida numa verdadeira desordem sentimental, emocional, depressão, obsessivo-compulsiva perto do suicídio. Um diário macabro onde constam recortes de diversas formas de colocar termo à vida e com imagens coladas ao lado.

A escrita de David Levithan é maravilhosa ele usa a linguagem de uma forma fantástica, adulta e muito poética. A escrita dele foi música para o meu coração, as suas palavras são de uma intensidade cortante, profundas que nos levam a reflexões sobre a vida e sobre o ser humano. Este foi o aspecto em que o livro mais me prendeu, a escrita é tão intensa, tão bela e tão bem narrado que este livro está, é bom saber que ainda podemos descobrir escritores assim.

As personagens deste livro, que para além da sua linguagem adulta, também nos traz personagens que vou chamar pequenos adultos de 16 anos. Claro que que temos drama, mas não é um drama de adolescente que está de mal com a vida. Aos 16 anos os personagens criados por Levithan são maduros, coerentes e acima de tudo intensos. Não agem por impulso e tentam sempre ver a situação sob vários pontos de vista, não como se o mundo fosse lindo, mágico e um mar de rosas; eles procuram sempre pesar os prós e os contras das suas decisões de uma forma real, para que ninguém saia magoado com as opções tomadas. Tem diálogos de alguns personagens e pensamentos que me fizeram refletir, devido ao modo inteligente como o escritor os coloca.

Terminei esta leitura com uma única palavra em mente curiosidade. Porque no fundo li o livro todo sem saber quem ou o quê que é o A. Mas não me incomodou ter lido o livro sem saber quem é a personagem principal, ao contrário, fiquei ainda mais fascinada por ter lido este livro tão perfeito. No final do livro a atitude sublime e madura de A do livro, deixa claro que ele realmente não poderia ser humano, acho que não somos seres tão elevados ao ponto de termos a atitude de A.

Este livro fez-me essencialmente reflectir, sobre a nossa vida, sobre os relacionamentos humanos e sentimentos. Quem é que nunca teve um relacionamento que fracassou? Quem nunca pensou em colocar termo à própria vida? Quem nunca colocou o outro primeiro em relação a si mesmo? Quem nunca pensou fugir? Quem nunca teve medo?
É ao percorrer por todas as personagens que A encarna, que vamos vendo a outra fase do ser humano. Através dessas pessoas vamos reflectindo sobre o valor da nossa própria vida, da nossa própria existência.E foram essas realidades tão bem exploradas por Levithan que fez sentir como se estivesse naquele exacto momento a viver e a sentir tudo o que aquela pessoa estava a sentir. E quando um livro me leva a sentir na pele o que um personagem sente, então eu digo temos um bom livro, e mais ainda, estou perante um excelente escritor, porque para além de me fazer refletir sobre mim e sobre a natureza humana, fez-me esquecer de mim e fez com que eu encarnasse as personagens criadas por ele, isto porque são tão reais que fizeram-me como leitora confundir-me com os personagens.

Esta obra é emocionante e sensível merece ser saboreada com muita atenção e calma para não se perder nenhum detalhe.

A Cada Dia é um livro diferente dos outros livros, não só pela temática diferenciada que o autor aborda, como também, é um livro original e inovador. 

Mais uma vez o livro superou todas as minhas expectativas e tornou-se num dos meus favoritos do ano. Um livro maravilhoso, excelente e que a meu ver deve ser lido por todos.

Leiam... Sei que este é um livro que ou se ama ou se odeia, tenho plena noção disso. Quando estiverem a ler deixem-se levar pelas emoções, não pensem isto é impossível, mas sim isto é uma história muito bem estruturada e com personagens brilhantes.

Excertos:
«Acordo. De imediato, tenho de descobrir quem sou. Não é só o corpo-abrir os olhos e descobrir se a pele do braço é clara ou escura, se o cabelo é curto ou comprido, se sou gordo ou magro, rapaz ou rapariga, pele macia ou com cicatrizes. O corpo é a coisa mais fácil à qual adaptar, quando se está habituado a acordar num novo todas as manhãs. É a vida, o contexto do corpo, que pode ser difícil de assimilar.
A cada dia sou alguém diferente. Sou eu mesmo-sei que sou eu mesmo-mas também sou outro alguém.
Tem sido sempre assim.» pág.9

«Faço que sim com a cabeça. Se alguma coisa tenho aprendido, será isto: todos queremos que esteja OK. Nem sequer desejamos fantástico ou maravilhoso ou espetacular. Ficamo-nos pelo OK porque, a maior parte do tempo, OK é suficiente.» pág.13

«Ando à deriva e, por mais solitário que seja, também pode ser extraordinariamente libertador. Nunca me hei de definir pelos termos de outra pessoa. Nunca sentirei a pressão dos meus pares, nem o fardo das expetativas parentais. Posso ver toda a gente como partes de um todo, e concentrar-me no todo e não nas partes.Tenho aprendido a observar muito melhor do que a maioria das pessoas observa. Não me deixo cegar pelo passado nem pelo futuro. Concentro-me no presente, porque é onde estou destinado a viver.» pág. 14

«Não quero amá-la. Não quero estar apaixonado.
As pessoas tomam a continuidade do amor como dado adquirido, tal como tomam a continuidade do corpo como dado adquirido. Não se apercebem de que a melhor coisa a cerca do amor é a sua presença regular. Uma vez que se consiga estabelecer isso, são alicerces adicionais para a vida. Porém, se não se puder ter essa presença regular, só se tem aqueles alicerces para sustentar, sempre.» pág.56

«-Todas as manhãs eu acordo num corpo diferente. Acontece desde que nasci. Esta manhã, acordei no corpo de Megan Powell, que vês aqui à tua frente. Há três dias, no passado sábado, era o de Nathan Daldry. Dois dias antes, foi Amy Tran, que visitou a tua escola e passou o dia contigo. Na segunda-feira passada, foi o Justin, teu namorado.Tu achas que tinhas ido ver o mar com ele mas, na verdade, era eu. Foi a primeira vez que nos vimos, e desde então não consigo esquecer-te.
Calo-me.» pág.84

«Em contrapartida, há maneiras de cometer suicídio, enumeradas ao pormenor.
Facadas no coração. Facadas no braço. Cintos ao pescoço. Sacos de plástico. Quedas a pique. Morte pelo fogo.Todas metodicamente investigadas. Exemplos dados. Ilustrações fornecidas-ilustrações toscas em que o sujeito de prova é claramente a Kelsea. Autorretratos do seu próprio fim.» pág.112

«Quando olhamos para uma multidão, os nossos olhos vão naturalmente para certas pessoas, quer as conheçamos quer não. Porém, o meu olhar neste momento está vazio. Sei o que vejo, mas não o que ela veria.
O mundo ainda é de vidro.

É esta a sensação de ler palavras com os olhos dela.
É esta a sensação de virar a página com a mão dela.
É esta a sensação quando ela cruza os tornozelos.
É esta a sensação de baixar a cabeça para o cabelo lhe esconder os olhos.
É este o aspecto da letra dela. É assim que se faz. É assim que ela assina o nome.» pág.173

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Minha opinião sobre o livro "O Palácio da Meia-Noite" de Carlos Ruiz Zafón

O Palácio da Meia-Noite
Trilogia da Neblina - Vol. II
de Carlos Ruiz Zafón;
Tradução: Maria do Carmo Abreu
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 280
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896573881
Preço:17,76 euros

Comecei a ler:17-06-2015
Terminei de ler:18-06-2015

Sinopse:
«No coração de Calcutá esconde-se um obscuro mistério...
Um comboio em chamas atravessa a cidade. Um espectro de fogo semeia o terror nas sombras da noite. Mas isso não é mais do que o princípio. Numa noite obscura, um tenente inglês luta para salvar a vida a dois bebés de uma ameaça impensável. Apesar das insuportáveis chuvas da monção e do terror que o assedia a cada esquina, o jovem britânico consegue pô-los a salvo, mas que preço irá pagar? A perda da sua vida. Anos mais tarde, na véspera de fazer dezasseis anos, Ben, Sheere e os amigos terão de enfrentar o mais terrível e mortífero mistério da história da cidade dos palácios.»retirado do site wook


Críticas literárias:
«Um livro para adultos, bem como para adolescentes, mas não aconselhável para cardíacos...O realismo mágico da obra-prima que veio sete anos depois, está aqui, num emocionante mistério meticulosamente trabalhado.»
Weenkend Prees/ Dominion Post Weenkend (NZ)
Book trailler...

«O Palácio da Meia-Noite, depois de muitos anos de edições lamentáveis, vê hoje por fim a luz como o seu autor lhe pareceu que deveria ter visto quando publicado pela primeira vez. Passaram uns anos e um romancista sente-se tentado a refazer os passos perdidos e  a corrigir os muitos defeitos que infestam uma obra inicial, para que dê a impressão que possuía mais talento do que na realidade tinha. Pareceu-me mais honesto deixá-lo tal e qual como o escrevi, com os recursos e a tarimba daquele tempo.»
Carlos Ruiz Zafón

«O Palácio da Meia-Noite é o segundo romance que publiquei, por volta de 1994, e que faz parte, com O Príncipe da Neblina, As Luzes de Setembro e Mariana, da série de romances "juvenis" que escrevi antes de A Sombra do Vento. Para dizer a verdade, nunca soube muito bem o que significa isso de "romance juvenil". A única coisa que sei é que quando os escrevi era bastante mais novo do que sou agora e que a minha ideia ao publicá-los era que, se tinha feito o meu trabalho correctamente, deviam interessar a leitores jovens de idades compreendidas entre os nove e os noventa anos. São histórias de mistério e aventura, romances que quiçá o Julián Carax de A Sombra do Vento podia ter escrito no seu sótão do Quartier Latin de Paris, enquanto pensava no seu amigo Daniel Sempere.»
Carlos Ruiz Zafón


Minha opinião:
Bom que dizer sobre este livro de Zafón, adorei, gosto imenso deste escritor, pois consegue sempre transportar-me para ambientes tenebrosos e terrivelmente misteriosos e eu adoro. O modo como Zafón escreve deixa-me sempre pregada ao livro sem o conseguir largar muito tempo, o que significa que este foi um livro que li com uma grande brevidade e com um enorme prazer.
Não quero fazer comparações entre o primeiro volume da Trilogia, que se intitula "O Príncipe da Neblina" com este segundo volume,isto porque, apesar de ser considerada uma trilogia nada tem a ver um livro com o outro, o terceiro e último livro intitula-se "As Luzes de Setembro". Ou seja, os lugares são diferentes, as personagens são diferentes, logo o enredo é completamente diferente.
Desta forma, pode o leitor ler qualquer um destes livros pela ordem que lhe convier pois nada têm em comum, a não ser a escrita maravilhosa de Zafón, com os seus cenários sombrios, mistérios com uma quanta parte de magia e protagonistas jovens.
Os três livros, juntos , marcaram o início da carreira literária do escritor, que consagrou-se com histórias para adultos, mas com igual qualidade.

Esta história desenrola a sua acção em Calcutá, Índia, entre os anos de 1916 e 1932.
Ao longo da narração deste livro que é feita por Ian, um dos meninos da época, ficamos a conhecer a fatídica história de Ben e Sheere, dois irmãos gémeos que são separados à nascença. 

Numa noite chuvosa, um homem, de seu nome Peake,tenente inglês, foge com dois bebés de um perseguidor maléfico e malvado, ao pior dos destinos: o desejo de vingança de Jawahal. Ele sabe que não terá muito tempo para salvar os bebés e tem apenas uma hipótese para os conseguir salvar, levá-los para a casa da avó, Aryami Bosé, dos recém-nascidos e depois fugir para sempre.
Esta é a forma de salvar os únicos rebentos que resultaram do feliz casamento da filha de Aryami Bosé, com o peculiar engenheiro e escritor Chandra Chantterghee.

Aryami Bosé, toma a decisão, mais dificil da sua longa vida, decide separar os dois irmãos o rapaz mais tarde batizado com o nome Ben é levado por ela para o orfanato St. Patrick, dirigido por Thomas Carter e a rapariga, a quem dá o nome de Sheere, fica sob a sua proteção. Esta é a única forma de fazer com que os dois sobrevivam ao amaldiçoado Jawahal.

Ben está prestes a completar dezasseis anos e, com isso, precisará de deixar para trás não só o orfanato, como também os seus melhores amigos. Juntos, os sete jovens formam a Chowbar Society, um grupo que jurou proteger-se e ajudar-se em qualquer circunstância. Os encontros do grupo acontecem sempre no Palácio da Meia-Noite, numa dessas noites, quando estão prestes a despedirem-se de vez, eles vão conhecer Sheere. A jovem, de quase dezasseis anos, que se deslocou ao orfanato com a sua avó e descobriu mais que um grupo de amigos.

Dezasseis anos depois, o terrível Jawahal-uma das mais interessantes personagens criadas por Zafón-, volta para ameaçar tudo e todos de forma a dar o seu golpe final e completar os seus maquiavélicos planos.No centro de toda esta trama de acontecimentos vividos em plena cidade dos palácios, os oito membros da Chowbar Society vão sentir, literalmente, o fogo do ameaçador e sinistro Jawahal e lutar contra os próprios medos.

O modo como Zafón leva o leitor por entre as ruas escuras e mal cheirosas de Calcutá e os embrenha no mistério de Ben e companhia torna este livro quase que obrigatório, não só para os fãs do autor mas para todos, independentemente da idade, que gostem de uma história magnífica, repleta de ação, fantasia, mistério e enigmas.

Na minha memória ficará, sem dúvida, as maravilhosas descrições de uma cidade repleta de edifícios e locais mágicos, assim como o conhecimento do "Pássaro de Fogo", a arma mortífera de Jawahal ou o assustador comboio de chamas. 

Um dos aspectos mais fascinantes nos livros de Zafón é o seu estilo de escrita. E não sendo este um livro com a complexidade do "O Jogo do Anjo" é muito fácil reconhecer os seus traços no estilo da sua escrita. No modo como evoca ambientes sombrios com um pormenor que parece palpável, a beleza nos ocasionais toques quase que poéticos, faz-me parecer que o autor está plenamente presente. Este facto é que faz com que, mesmo sendo uma história simples, este livro me tenha deixado fascinada.

Recomendo vivamente a leitura de todo e qualquer livro de Zafón.

Excertos:
«Dia após dia esperámos com tristeza e receio a chegada daquele Verão em que completaríamos os dezasseis anos e que haveria de significar a nossa separação e a dissolução da Chowbar Society,aquele clube secreto e reservado a sete membros exclusivos que fora o nosso lar durante os anos no orfanato. Ali crescemos sem outra família além de nós mesmos e sem outras recordações do que as histórias que contávamos até chegar a madrugada em redor da fogueira, no pátio da velha casa abandonada que se erguia de Cotton Street e Brabourne Road, um casarão em ruínas que havíamos baptizado como o Palácio da Meia-Noite.Não sabia então que aquele seria a última vez que veria o lugar em cujas ruas me criei e cujo feitiço me perseguiu até hoje.» pág.11

«Com esse espírito, confiando que a memória não me atraiçoará, reviverei os misteriosos e terríveis acontecimentos que ocorreram durante aqueles quatro ardentes dias de Maio de 1932.» pág.13

«Desde aquele dia, a maldição de um terrível calor caiu sobre a cidade e os deuses voltaram-lhe as costas para sempre, deixando-a ao abrigo dos espíritos da escuridão. Os poucos homens sábios e justos que restavam rezavam para que, um dia, as lágrimas de gelo de Shiva caíssem de novo do céu e quebrassem aquela maldição que transformara Calcutá numa cidade maldita...» pág.82 



Boas leituras!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Minha opinião sobre o livro "A Todos os Rapazes que Amei" da escritora Jenny Han

«A Todos os Rapazes que Amei»
de Jenny Han
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 272
Editor: TopSeller
ISBN: 9789898800008
Preço:14,38 euros

Comecei a ler: 15-06-2015
Terminei de ler:16-06-2015

Sinopse:
«Guardo as minhas cartas numa caixa de chapéu verde-azulada que a minha mãe me trouxe de uma loja de antiguidades da Baixa. Não são cartas de amor que alguém me enviou. Não tenho dessas. São cartas que eu escrevi. Há uma por cada rapaz que amei — cinco, ao todo.
Quando escrevo, não escondo nada. Escrevo como se ele nunca a fosse ler. Porque na verdade não vai. Exponho nessa carta todos os meus pensamentos secretos, todas as observações cautelosas, tudo o que guardei dentro de mim. Quando acabo de a escrever, fecho-a, endereço-a e depois guardo-a na minha caixa de chapéu verde-azulada.
Não são cartas de amor no sentido estrito da palavra. As minhas cartas são para quando já não quero estar apaixonada. São para despedidas. Porque, depois de escrever a minha carta, já não sou consumida por esse amor devorador. Se o amor é como uma possessão, talvez as minhas cartas sejam o meu exorcismo. As minhas cartas libertam-me. Ou pelo menos era para isso que deveriam servir.» retirado do site wook

Críticas de imprensa...
«Lara Jean, a personagem principal, dá a esta história comovente um toque de originalidade e um charme muito próprio.»
Publishers Weekly

«Uma interpretação emocionante do crescimento e do amor jovem.»

Kirkus Reviews

Book trailer ....
 Minha opinião:

Este livro superou as minhas expectativas, parti para a sua leitura sem grandes ilusões, sem ler nenhuma opinião sobre eles, mas com a certeza que o queria ler. Já estava à demasiado tempo na minha estante e tinha uma sinopse interessante, fora o pormenor da capa que é muito, mesmo muito bonita. E depois de uma leitura forte como tinha sido "A Rapariga no Comboio" queria algo mais leve, algo young adult contemporâneo que é o género onde se enquadra este livro.

Contudo, foi uma agradável surpresa, uma leitura leve, como eu queria, mas uma história muito bonita e muito bem escrita. A Jenny Han tem uma escrita que é fluída e muito bem construída, que eu senti-me a fazer parte da história desde a primeira página. Desconheço mais obras literárias Desta autora, apesar de saber que elas existem. Gostei muito do livro proporcionou-me horas muito bem passadas e volto a referir foi uma leitura muito, mas mesmo muito agradável. Certamente vou querer seguir a coleção.

O livro é narrado na primeira pessoa, logo temos uma protagonista que é a Lara Jean. Lara Jean tem mais duas irmãs uma mais velha a Margot e uma mais nova a Kitty, elas intitulam-se as irmãs Song. As irmãs Song perderam a mãe muito cedo e tem a sua família resumida a elas e ao seu pai, que é médico obstetra, como elas costumam dizer está sempre rodeado por mulheres, em casa e no trabalho. Tanto Lara Jean como Kitty e Margot vivem bastante conformadas com a situação de não terem mãe, lidando muito bem com com isso, dado que elas são muito próximas umas das outras e sempre cuidaram umas das outras (desculpem a repetição). 
A vida delas segue um ritmo normal, até que a irmã mais velha Margot termina o secundário e vai estudar para uma faculdade na Escócia, ficando Lara Jean com muito receio pois agora perdeu o seu porto seguro e passa a ser a irmã mais velha, a ter novas responsabilidades em casa e também para com a pequena Kitty.

Fora isto, Lara Jean vai ter de lidar com outro problema. Lara costumava escrever cartas de despedida para todos os rapazes que ela já tinha amado, cinco no total, depois fechava o envelope e endereçava-as mas colocava-as dentro de uma caixa de chapéu verde-azulada, que a mãe lhe tinha oferecido. Estas cartas tinham como objectivo principal fazer a despedida do sentimento que ela nutria por determinado rapaz, ela escrevia o que lhe vinha à cabeça e depois de guardar as cartas ela conseguia esquecer a paixão que tinha por esse rapaz, era assim que as coisas funcionavam com Lara Jean.
No entanto, pouco tempo depois da partida de Margot para a faculdade na Escócia, alguém irá enviar todas as cartas que Lara Jean, tinha religiosamente guardadas, aos respectivos destinatários, e ela tem que lidar com a reação de cada um deles, pelos quais ela um dia foi apaixonada.


Não vou adiantar mais nada da história, pois não quero colocar nenhum spoiler sobre este livro. Imagino que devem estar a pensar mas afinal o que tem de tão especial este livro? Esta resposta só pode ser dada pela Lara Jean através da leitura do livro. 

Todos os personagens são cativantes, adorei a pequena Kitty e as suas respostas descaradas, achei o máximo. Gostei mesmo das personagens que no início me irritavam, com o tempo acabaram por me conquistar completamente. A escritora, parece ter-se baseado em personagens mesmo reais, daquelas que nós conseguimos nos identificar com tudo aquilo que eles fazem e por tudo aquilo porque eles passam.

Um aspecto positivo, a meu ver claro, é que apesar de ser um livro do género young adult contemporâneo, ele não cai nos clichés desse tipo de livros. Não é um livro romântico e lamechas, daqueles que nos  põem a chorar, nada disso. Par mim foi um livro que me fez reviver alguns períodos da minha adolescência, que me divertiu com os estratagemas comuns da idade.

Não posso deixar de falar sobre a protagonista Lara Jean, é muito inocente e ao mesmo tempo cativou-me bastante. Durante o livro ela acaba por se ver envolvida numa situação para a qual não está preparada e que a deixa vulnerável. Por isso ao longo deste livro vamos assistir ao crescimento interior de Lara ela ganha mais maturidade e confiança nela própria.

Com tudo isto só posso dizer que recomendo a leitura deste livro, a história é muito bonita e as personagens também, claro que não abordei aqui muitas que são fundamentais para a história, para não tirar o suspense a quem vai ler. A minha opinião foi longa mas não contei basicamente nada sobre a história, confiem que o livro tem muito para vos dar.

Gostava de salientar que este livro tem continuação, apesar de ainda não ter sido lançado o livro em portugal. A capa original é bem bonita tal como a deste livro, e é esta:
Leiam o livro que não se iram arrepender eu adorei, foi uma leitura rápida e muito absorvente, amei a escrita e estou desejosa que seja lançada o segundo livro por cá em terras lusas, esse certamente não vai ficar tanto tempo como este ficou na estante.

Excertos:
«Apesar de a Margot não ser pessoa de fazer muito barulho, a casa parece silenciosa. De certa maneira, vazia. Como é que será daqui a dois anos, quando eu partir? O que é que o papá e a Kitty vão fazer então? Detesto pensar nos dois a regressarem a uma casa vazia e às escuras, sem mim nem a Margot. Talvez eu não vá para muito longe; talvez até possa viver em casa, pelo menos no primeiro semestre. Acho que será a atitude certa.» pág.31

«A MARGOT DIZ QUE O ÚLTIMO ANO da secundária é o mais importante, o mais preenchido, um ano tão crucial que o resto na vida depende dele. Por isso, calculo que deva fazer todas as leituras agradáveis possíveis antes de as aulas começarem na próxima semana, época do arranque oficial do último ano. Estou sentada nos degraus da frente da minha casa, a ler um romance britânico de espionagem, muito lamechas, de 1980, que comprei por 75 cêntimos na venda dos Amigos da Biblioteca.» pág.42


Boas leituras!

domingo, 14 de junho de 2015

Minha opinião sobre o livro "A Rapariga No Comboio" da escritora Paula Hawkins

A Rapariga no Comboio
de Paula Hawkins
Edição/reimpressão:2015
Páginas: 320
Editor: TopSeller
ISBN: 9789898800541
Preço:15,92 euros

Comecei a ler:12-06-2015
Terminei de ler:14-06-2015

O êxito de vendas mais rápido de sempre. 
O livro que vai mudar para sempre o modo como vemos a vida dos outros. 

Sinopse:
«Todos os dias, Rachel apanha o comboio... No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia... 
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. 
Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.» retirado do site wook

DE LEITURA COMPULSIVA, ESTE É O THRILLER DO MOMENTO, ABSORVENTE, PERTURBADOR E ARREPIANTE.

Críticas...
«Um thriller arrepiante.Até os leitores mais perspicazes ficarão chocados, à medida que os factos vão sendo revelados.»
Kirkus Reviews 

«A Rapariga no Comboio é o mais envolvente romance com um narrador inconfiável desde Em Parte Incerta.Este livro vai deixar os seus leitores arrepiados.» 
New York Times

«Os fãs de Gillian Flynn vão devorar este thriller psicológico»
People

«A Rapariga no Comboio faz a junção perfeita entre film noir e narração enganadora...sugure-se bem.Ficará surpreendido com os terrores que espreitam ao virar da esquina.»
Washington Post

«Que personagens, que história, que livro! É Alfred Hitchcock para a nova geração!»
Terry Hayes autor bestseller internacional

«Inteligente, tenso e totalmente viciante!
Manteve-me presa até ao desfecho.»
Lisa Gardner autora bestseller internacional

«Um thriller fantástico. Manteve-me acordado grande parte da noite.»
Stephen King autor bestseller internacional

«Não sei quem és, Paula Hawkins, mas mantiveste-me acordada a noite inteira!»
Reese Witherspoon atriz de Hollywood

Book trailer...


Minha opinião:
A primeira coisa que me vem à cabeça sobre este livro e a sua leitura é um ditado popular, que diz o seguinte:"Primeiro estranha-se depois entranha-se". Foi exactamente isto que eu senti ao ler A Rapariga no Comboio, no início foi uma leitura que mexeu com a minha parte psicológica, depois foi uma viagem fascinante. 
Paula Hawkins escreve de um modo brilhante, conseguiu-me transportar ao longo do livro como se eu estivesse a trás de uma porta a ver tudo o que se estava a passar e tivesse vontade de participar, de interagir com os personagens. Acho que para uma escritora, deixar esta sensação numa leitora deve ser algo de fascinante.

Relativamente ao enredo, este é contado por três narradores diferentes, Rachel, Megan e Anna. Cada uma delas vai contando numa visão completamente distinta o que se passou nos dias antes do desaparecimento de uma delas (não vou dizer qual), e depois do desaparecimento da mesma.

A personagem que tem mais relevância, como narradora é Rachel, ela é uma mulher divorciada, com problemas graves de alcoolismo, que a levaram a perder o emprego e o marido. É a verdadeira rapariga no comboio, pois é ela que faz as viagens todos os dias como se fosse trabalhar, para que a sua senhoria e amiga, não saiba que ela está desempregada. De início não gostei muito desta personagem-narrador, mas com o tempo comecei a entende-la e a perceber o quanto desgastante deve ser a vida de um alcoólico.
Rachel tem momentos brancos na sua memória em que não se recorda do que fez, tem vagas lembranças mas não sabe se são reais ou fruto da sua imaginação. Viver num mundo interior assim não é fácil.
Tem uma parte no livro, que me levou a pesquisar na internet, sobre as memórias dos alcoólicos, e é deveras perturbador, pois quando saem da ressaca e se querem lembrar do que fizeram não conseguem, não porque não se lembrem, mas simplesmente porque o álcool no organismo, a partir de uma certa quantidade não permite a memorização por parte do nosso cérebro. (consultar artigo científico no final)
    
Megan é a esposa de Scott, tem um passado muito cheio de segredos que tenta esquecer e esconde do seu marido. Mas os segredos do seu passado nem sempre a deixam dormir, então ela recorre por conselho do seu marido a um psicoterapeuta o Doutor Kamal.

Anna é a atual esposa de Tom da qual tem uma filha a Evie, são um casal feliz, mas que vivem atormentados, pois Anna é extremamente insegura e medrosa, com ou sem motivo,não vou adiantar.

Este é realmente um livro extraordinário, que consome o leitor, pelo menos a mim consumiu-me até às entranhas.
Achei a história excelente, volto a dizer que está muito bem contada, muito bem escrita, Paula Hawkins está na realidade de parabéns. Depois da sua estreia com um livro assim, só se podem esperar grandes coisas desta escritora.

Em suma este é um thriller psicológico que me deixou a pensar duas coisas: todas as pessoas têm segredos e ninguém sabe o que vai na cabeça das pessoas que nos rodeiam e do que elas são verdadeiramente capazes de fazer.

Leiam não deixem passar este livro sem o ler. Vos garanto que no final não serão os mesmos.

Excertos:
«Alguém pintou na parede: A VIDA NÃO É UM PONTO PARÁGRAFO. Penso na trouxa de roupa junto à linha e sinto a garganta apertada. A vida não é um ponto parágrafo, e a morte não é um parêntesis.» pág.17

«Não vejo qualquer razão para ter de me impor limites, muita gente vive sem eles. Os homens, por exemplo. Não quero magoar ninguém, mas temos de ser fiéis a nós próprios, não é? É só o que estou a fazer, a ser fiel ao meu verdadeiro eu, ao eu que ninguém conhece: nem o Scott, nem o Kamal, ninguém.» pág.53

«Vim dar um passeio no bosque. Saí de casa muito antes de haver luz. O sol ainda mal se levantou, e está um silêncio sepulcral, fora o palrar esporádico das pegas nas árvores por cima da minha cabeça. Consigo senti-las a observarem-me, com os seus pequenos olhos negros, de atalaia. Uma traz-nos dores; duas, alegrias; três, uma menina; quatro, um rapaz; cinco, prata; seis, ouro; sete, um segredo que não podemos contar.» pág.65

«O vazio: isso sou eu capaz de compreender. Começo a acreditar que nada há que possamos fazer para o remediar. Foi o que aprendi com as sessões no psicoterapeuta: os buracos da nossa vida são permanentes. Temos de crescer à volta deles, como as raízes de uma árvore à volta do cimento; moldando-nos por entre as reentrâncias. Sei isso tudo, mas não o digo em voz alta, não agora.» pág.100

Artigo Cientifico:
Blecaute ou amnésia alcoólica   

O consumo excessivo de álcool pode acarretar em um prejuízo na formação de memórias conhecido como “blecaute”. O blecaute alcoólico é definido como a incapacidade de lembrar-se de fragmentos ou períodos inteiros de eventos ocorridos enquanto se está acordado e bebendo. São períodos de amnésia durante os quais a pessoa realiza atividades como falar, caminhar, comer, praticar atividade sexual ou até mesmo se envolver em brigas, e o cérebro é incapaz de formar memórias de tais eventos.

Diferente de quando a pessoa desmaia ou adormece por conta do consumo excessivo de álcool, durante períodos que ocasionam o blecaute a pessoa está acordada e, no momento da embriaguez, o indivíduo tem consciência dos seus atos, apesar de prejuízo importante no julgamento.

Classifica-se a amnésia neste caso como anterógrada, pois a ingestão excessiva de álcool impossibilita a formação de memórias de novos eventos, ocorridos após a intoxicação, não causando prejuízo para o resgate de memórias anteriores a este momento. Pode ser dividida em dois tipos: quando há incapacidade de lembrar-se de fragmentos do período (mais comum) ou quando a pessoa é incapaz de lembrar-se de toda a ocasião na qual esteve bebendo, também conhecido como blecautes en bloc. Estima-se que ao menos 50% dos bebedores adultos já tiveram alguma forma de amnésia alcoólica.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool


Boas leituras!