Páginas

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"Os Corações também se Gastam" um livro de Contos

"Os Corações também se gastam" é o primeiro livro que leio de Pedro Paixão. Trata-se de um livro de contos que foi editado no ano de 2005, eu tenho exactamente essa primeira edição.
Contos vários mas que tratam todos de  sentimentos da vida, da vida em si mesma e dos sonhos que nos fazem viver cada dia com uma expectativa cada vez mais alta ou nem por isso.
O modo como Pedro Paixão escreve estes contos é tão real que entre dois contos, isto é, numa fracção de minutos, saimos do divan do Psiquiatra e vamos até Moscovo para a cama de um hotel.
Ao longo deste livro deparamo-nos com dezassete intensas histórias do quotidiano de várias personagens que se cruzam no filme das nossas vidas. E foi essa capacidade de relatar os sentimentos do ser humano, de um modo tão simplesmente natural e tão cautelosamente frio, que me surpreendeu na escrita de Pedro Paixão.
Escolhi uma forma talvez nada original para dar a meu singelo parecer sobre este livro, que a meu ver tem contos humanamente maravilhosos, que ganham pela sua simplicidade e realismo um poder extraordinário. Vou retirar de cada um dos contos que mais gostei as frases que mais me marcaram, sem com isso colocar em risco o "sumo" da história dos mesmos.
Ao ler a contracapa deste livro fiquei logo apaixonada:
"Olhar no espelho e ficar a perguntar quem seremos. É estranho ver uma silhueta, uma mão que se agarra à nossa cabeça, uma boca a sorrir. É bem mais difícil conhecermo-nos do que conquistar um abrigo inimigo." in «Casa comigo em Agosto»
Primeiro conto "Cortina de fumo"
"Passamos a vida a fugir de alguma coisa e à procura de outra. O nosso comum destino é chegar e partir. ..."pág.11
"...Sempre tive mais medo de mulheres do que de homens, talvez pela mesma razão por que gosto tanto delas:são animais imprevisíveis. ..."págs.11
"...Os monumentos são símbolos da vaidade humana. O Kremlin a sede do poder, logo da corrupção. ..."pág.14
Segundo conto "Amor de mulher"
"Sou um desastre humano.Ninguém mo disse. Sou eu que o digo. Vivo de incertezas. A única certeza que me resta é que tenho de voltar a tomar os comprimidos e marcar uma consulta com a minha médica. ..."pág.17
"...O   meu    único   sossego  encontro-o nos  sonhos  que não se convertem  em  pesadelos. ..."pág.17
"...Não consigo tirar férias de mim. ..."pág.17
"...Eu não quero viver com ninguém. Quero viver a sós com a minha doença. ..."
Terceiro conto "Casa comigo em Agosto" Pedro Paixão agradece a Sofia Aparício este texto e eu como leitora do mesmo agradeço ao Pedro e à Sofia. Um dos textos mais difíceis de entrar e de compreender, mas talvez aquele que depois de entendido nos acolhe mais a alma.
"...Obrigada pela generosidade com que olhas as pessoas. ..."pág.21
"...Roubar ao mundo um pedaço de vida. Fixá-lo para sempre com palavras. ..."pág.21
"...A exaustão também faz parte da vida:..."pág.22
"..., as palavras sequestram tudo o que apanham, são ciumentas, irrompem por baixo onde habita o silêncio que as sustém. ..."pág.23
Quarto conto "Cortesã"
"... E o que não depende de mim deve ser logo destruído. ..."pág.38

Um livro composto por contos que agradam todo o tipo de leitores. Boa leitura.

Sem comentários:

Enviar um comentário